A bordo do Mitsubishi Pajero Sport Flex, Klever Kolberg e Giovanni Godoi estarão no comando da maior demonstração de tecnologia sustentável e 100% nacional já vista na competição
Com o histórico de ser um dos dois primeiros brasileiros a desbravar o então desconhecido Paris-Dakar, em 1988, e com 22 participações no rally que se tornou a mais cultuada competição off-road do mundo, o piloto Klever Kolberg, novamente, coloca à prova o seu espírito pioneiro e se lança em um projeto totalmente inédito.
Ao lado do navegador Giovanni Godoi, Kolberg alinhará o primeiro veículo movido a etanol de cana-de-açúcar brasileiro na história do Rally Dakar, disputado desde 1979.A 32ª edição da prova - que pela segunda vez consecutiva será realizada na América do Sul - terá largada no dia 1º de janeiro, em Buenos Aires, na Argentina, atravessará a Cordilheira dos Andes e o Deserto do Atacama, no Chile, até retornar, nove mil quilômetros depois, à capital portenha, no dia 17.
Após mais de duas décadas acelerando motos ou automóveis no Dakar e em outras competições nacionais tão exigentes quanto - como o Rally dos Sertões -, Kolberg já considerava a idéia de pendurar o capacete, passando a se dedicar à prestação de serviços para outras equipes. Entretanto, levar o etanol brasileiro para a mais desafiadora competição fora de estrada do planeta, felizmente, o fez adiar a aposentadoria. E há cerca de dois anos o piloto, cujo nome se tornou sinônimo de rally no Brasil, vem trabalhando com este objetivo.
E, finalmente, a oportunidade se materializou. Com a criação, neste ano, da categoria Experimental, voltada a veículos movidos por fontes de energia alternativa ao petróleo - combustíveis verdes como etanol, nitrogênio e eletricidade, entre outros -, as trilhas do Rally Dakar se abriram ao combustível brasileiro."É o maior envio de tecnologia do Brasil para o Dakar", afirma Kolberg. "Afinal, o combustível é 100% nacional, o carro é feito aqui, o sistema flex foi desenvolvido e fabricado no País, os pneus são produzidos aqui e toda a preparação do carro foi feita em nossa oficina", empolga-se o piloto-empreendendor.
Segundo ele, o conceito do Valtra Dakar Eco Team ainda pretende transferir o foco da competitividade para a sustentabilidade, provocando as pessoas para que reflitam sobre o que elas estão fazendo pelo meio ambiente. "Chega de adiar, está na hora de cada um fazer a sua parte", afirma. "E vamos aproveitar a visibilidade mundial do Dakar para divulgar os benefícios ao meio ambiente do uso do etanol da cana de açúcar como combustível e a eficiência e confiabilidade da tecnologia flex, que há seis anos mudou totalmente o comportamento do consumidor brasileiro e está pronta para ser adotada por qualquer país. O planeta agradece", completa Kolberg.
Logística complexa
O Dakar 2010 será composto por 15 etapas, e as especiais (que são os trechos cronometrados ao longo do percurso do Rally) terão até 600 km de extensão. Durante as especiais, apenas as motos e os quadriciclos podem ser reabastecidos, já que seus reservatórios de combustível são menores. Para os carros e caminhões, só poderá ser feito ao final de cada etapa.
O Valtra Dakar Eco Team vai dividir a estrutura de suporte na competição com outras duas equipes brasileiras. Além de Klever e Giovanni, o time será composto por dez pessoas entre engenheiros e mecânicos, dois carros de apoio - sendo duas picape Mitsubishi L200 Savana - e dois caminhões, um para ferramentas e peças de reposição, e outro para o etanol.
Segundo Klever, o custo para a participação do Valtra Dakar Eco Team será o dobro do que seria necessário se a equipe utilizasse gasolina ou diesel. Porém, essa diferença não resulta do preço do combustível diretamente, mas sim da necessidade de se implementar uma logística própria para o reabastecimento com etanol, já que os combustíveis convencionais estão à disposição nos postos de abastecimento locais, e também do desenvolvimento da preparação de uma carro que pode ser adquirido nas lojas.
Dessa forma, serão enviados para o Dakar 2010 oito mil litros de etanol - metade para a Argentina e metade para o Chile. Desses, calcula-se uma reserva técnica de 800 litros para o trecho argentino e 600 para o chileno.
O etanol, idêntico ao que é comercializado nas bombas dos postos de serviços da Esso em todo o território brasileiro, sairá da usina da Cosan, em Piracicaba (SP). Acondicionado em 40 tambores de PVC, com capacidade de 200 litros, (específicos para o transporte de combustíveis), o etanol será enviado diretamente para cada país, por meio de rodovias.
Serão sete dias de viagem até a Argentina e dez para o Chile. Em cada um dos dois países, o etanol será transferido para os caminhões de suporte da equipe, os quais farão o transporte para cada dos 16 acampamentos de apoio do Dakar 2010.
Comandado por Klever Kolberg (piloto) e Giovanni Godoi (navegador) no Rally Dakar 2010, o Valtra Dakar Eco Team é patrocinado por Valtra, BASF, Mitsubishi, Cosan, Unica, Pirelli, Fremax e Magneti Marelli, e apoiado por Artfix, Sparco e Waiver.
Acesse o site do piloto: http://www.parisdakar.com.br/
fotos: João Pires
ReUnion Press
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