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sábado, agosto 09, 2008

Morte inesperada de Pininfarina

NUNO CRESPO

Óbito. O director geral da 'Carrozzeria Pininfarini' perdeu a vida num acidente de viação em Turim, esta quinta-feira. Está agora em aberto o futuro da empresa fundada há quase oitenta anos por Battista Faria, responsável pelo design do inesquecível 'Ferrari Testa Rossa' que, apesar do preço, continua a ser dos mais vendidos em todo o mundo


Pininfarina é a família mais famosa na área do 'design' automóvel


Andrea Pininfarina morreu esta quinta-feira nos arredores de Turim. Foi, até à sua morte, presidente de uma das mais importantes e prestigiadas empresas de desenho de automóveis: a Carrozzeria Pininfarina.

Fundada em 1930, a Carrozzeria Pininfarina foi fundada por Battista Farina, a quem todos chamavam "Penin". E é da junção da sua alcunha com o seu nome de família que o fundador criou o nome da empresa. Em 1961 o nome da família, por decreto presidencial, passou a ser Pininfarina igualando assim o nome que até hoje continua a ser associado ao design automóvel mais conceituado.

A propósito da morte de Andrea Pininfarina, o primeiro-ministro italiano, Silvio Berlusconi, declarou que a família Pininfarina "representa uma dinastia que ajudou a espalhar o made in Italia por todo o mundo". Uma afirmação que é boa apresentação das actividades desta empresa de design automóvel, onde os mais famosos fabricantes de carros foram buscar o desenho para as viaturas que fabricavam.

Para além das marcas italiana a que a Pininfarina estará sempre associada, como a Ferrari, a Maserati ou a Fiat, marcas internacionais como Peugeot, a Austin, Rolls-Royce, a Volvo, a Jaguar, a Cadillac, Mitsubishi ou a Daewoo conheceram os seus desenhos mais emblemáticos nos ateliers da firma de Milão.

Não se pode decidir qual é o modelo mais icónico e emblemático projectado por esta família, mas no seu top ten, de acordo com fóruns de discussão de fãs, em primeiro lugar está o famoso Ferrari Testa Rossa de 1984. Este "cabeça vermelha" (tradução literal do nome do modelo). É um dos carros mais famoso feito nos anos 80, um modelo desenhado de forma a simbolizar atributos como fortuna e vida excessiva. Ainda que tenham fabricado mais de 21 modelos para a Ferrari, o Testa Rossa será sempre o mais comentado e apreciado por ser um ponto de excelência na exuberância tão própria da Ferrari. Apesar do seu preço e do design exótico, é um dos Ferraris mais vendidos no mundo e transformou-se no modelo de eleição dos yuppies e de uma cultura de dinheiro e de prazer (era o carro utilizado pela dupla de detectives na série policial Miami Vice). A relação com a Ferrari é de tal modo próxima que em 2006 a marca italiana de carros deu o nome Pininfarini ao seu modelo exclusivo P4/5 desenhado especialmente para o magnata James Glickenhaus.

Num outro segmento que não os carros de luxo, a Alfa Romeo concebeu em conjunto com a casa de design italiana o modelo que viria a marcar o início da modernização da marca: o Alfa Romeo 164 em 1987. Mas também foi para esta marca italiana que os Pininfarina desenharam em 1955 o Alfa Romeo Giulietta Spider e em 1936 o seu modelo Pescara.

Se as marcas italianas apreciam as linhas angulares e longas que caracterizam muito do design da Pininfarina, a francesa Peugeot não lhe ficou indiferente e em 1960 entrega à empresa de Milão aquilo que viria a ser um dos seus modelos com muito sucesso (venderam-se nas duas décadas da sua comercialização 2,75 milhões) que é o Peugeot 404. E em 1980 franceses e italianos apresentam aquele que deve ser o utilitário europeu mais famoso: o Peugeot 205. Declarado como o carro da década de 80 pela conceituada revista, este modelo bateu o recorde de vendas do 404 e vendeu nos 18 anos em que foi produzido mais de cinco milhões de unidades e alguns deles ainda estão em circulação.

Já na primeira década do novo milénio, os Pininfarina conceberam o moderníssimo carro familiar Ford Focus, o desportivo de luxo Maserati Gran Turismo e o modelo sueco o Volvo C70.

Na história do design, a empresa Pininfarina já conquistou um lugar como sendo a mais importante firma do pós-guerra, que, com o seu design inovador, deu um novo impulso à construção automóvel, sobretudo depois dos anos 50.

A sua presença nos principais museus de design do mundo (na colecção do MOMA, no Museu do Design de Londres, entre muitas outras instituições) atesta a sua pertinência no modo como se pensa aquilo que deve ser um automóvel.

fonte: Diário de Notícias

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