Autores de uma rivalidade - por vezes excessiva - as carreiras de Alain Prost e Ayrton Senna ficaram ligadas de forma indelével. O mesmo é reconhecido pelo francês, que relembrou em declarações ao jornal El Pais alguns dos detalhes do fatídico dia 1 de Maio de 1994 e as repercussões que isso teve na sua vida.
O francês admitiu que sentiu uma estranha aproximação de Senna nos meses seguintes depois de se retirar das pistas, no final de 1993, considerando que essa aproximação foi "agradável".
"Ele nunca me tinha telefonado, mas nas últimas semanas fê-lo várias vezes. Estava preocupado. Pensava que a Benetton e Schumacher estivessem a usar sistemas electrónicos [proibidos] no seu carro e queria que me ligasse à Comissão de Segurança. Além disso, não estava confortável no Williams", lembrou Prost, que também falou de um dos seus últimos encontros com o brasileiro, já em Imola.
"Lembro-me que antes da corrida veio à cabina da televisão para falar comigo. Não era habitual. Todos os que lá estavam ficaram calados. Nessas alturas, um piloto só pensa em concentrar-se, mas ele aproximou-se de mim e sentou-se ao meu lado. O mais surpreendente é que não queria falar de nada importante. Depois de comer e antes da partida, fui à garagem da Williams e falei dois minutos com ele antes de entrar no carro. Foi a última vez. O Ayrton e eu tínhamos uma ligação. A sua morte foi o final da minha história com a Fórmula 1. Ninguém pode falar do Ayrton sem falar de mim e ninguém pode falar de mim sem falar dele", afirmou Prost.
Schumacher: "O pior foi duas semanas depois"
Mas não foi só Prost a sentir o desaparecimento de Senna. No trabalho que o El Pais fez acerca dos 50 anos que Ayrton Senna faria se ainda estivesse vivo, também Michael Schumacher lembrou aquela época: "O pior foi duas semanas depois, quando aceitei que ele tinha morrido. Tinha visto muitos acidentes como aquele e até piores, mas nunca se espera um desenlace assim. Pensei que tivesse partido uma perna ou um braço, mas que continuaria. Foi depois do pódio que o Pasquale [Lattuneddu, elemento da FOM] chegou ao pé de nós e disse que Senna estava em coma. Sabia que existem vários tipos de coma, mas havia muita informação contraditória. Não sabia o que pensar. Não imaginava que morresse, quanto muito que perdesse umas duas corridas e era só. O pior foi no Mónaco, quando tive de aceitar a sua morte. Foi uma loucura".
AUTOSPORT
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