Um ano após ser obrigada a demitir 1,2 mil funcionários, fábrica de pneus poderá gerar empregos no exterior
A BS Colway Pneus tem recebido várias propostas para reabrir a indústria de pneus, um ano depois da decisão do Supremo Tribunal Federal que proibiu a importação de pneus usados da União Européia para remoldagem. Uma delas é para instalar a empresa em Orlando, estado norte-americano da Flórida. Outra possibilidade é uma joint-venture para implantação de uma fábrica na China ou Vietnã, com uma produção inicial de 200 mil pneus novos por mês, que seriam exportados para o Brasil. Facilidades como incentivos fiscais, também são oferecidas por países vizinhos como Uruguai e Paraguai. No fim do ano passado a BS foi obrigada a demitir os seus 1,2 mil funcionários e desacelerar programas sociais que beneficiavam mais de 7 mil crianças e jovens.
Com instalações em Piraquara (PR), Região Metropolitana de Curitiba, a empresa ainda aguarda uma resposta da Justiça e espera retomar as atividades da fábrica no Brasil. Em março, a BS Colway alegou falha processual e protocolou pedido de embargo à proibição da importação dos pneus usados. No documento, a assessoria jurídica da empresa aponta a omissão de um parecer técnico do IBAMA no acórdão da liminar proibitiva, apresentado como prova de que os pneus recolhidos pela BS não prejudicam o meio ambiente quando são reprocessados na Usina de Xisto da Petrobrás, em São Mateus do Sul (PR).
Assinado por três técnicos do IBAMA do Paraná, o paracer diz "considerando que o sistema de co-processamento dos pneus se dá num sistema fechado, onde não há poluição por emissão de gases e particulados, mas apenas emissão de vapores de água (...) concluímos que os pneus inservíveis encaminhados pela BS Colway Remoldagem de Pneus Ltda. à Petrobrás estão tendo destinação ambientalmente adequada". A resposta da Justiça Federal não tem data para sair.
Enquanto isso, de acordo com o presidente da BS Colway, Francisco Simeão, o maquinário da fábrica permanece desmontado e recolhido em um armazém. "Com a liminar expedida pela então presidente do STF, Ellen Gracie, que proíbiu a importação de pneus usados, não houve como manter a empresa parada e gerando custos insuportáveis", disse Simeão. "Caso o STF reforme sua decisão, fazendo justiça, a fábrica poderá voltar a funcionar no Brasil. E, caso isso não ocorra, a fábrica poderá ser implantada nos EUA, no Uruguai ou no Paraguai, tendo em vista os inúmeros convites recebidos e as vantagens oferecidas", afirmou.
Para manter os cerca de 5 mil empregos diretos nos pequenos e médios centros automotivos que distribuíam os pneus BS Colway, a empresa passou a importar pneus novos, a maior parte chineses, e deve alcançar a marca dos 200 mil pneus importados ao mês, até o fim de 2009. "Vamos garantir empregos industriais na China em troca dos postos de trabalho eliminados em Piraquara", observou o presidente da BS.
A BS Colway continua coletando e destruindo cinco pneus inservíveis para cada quatro importados. "Nada mudou nas nossas ações ambientais. A diferença é que o setor de remoldados do Brasil se fragilizou com a falta da liderança da BS Colway, forçando a todos ampliar suas importações de pneus novos e demitir os empregados brasileiros", disse Simeão, que também é presidente da ABIP - Associação Brasileira da Indústria de Pneus Remoldados.
Fabio Riesemberg
Enfoque Comunicação & Eventos
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