Por Castilho de Andrade
Acompanhei com atenção, na semana passada, a visita de Alan Donnelly, representante de Max Mosley, presidente da Federação Internacional de Automobilismo, e gostei do que vi em Interlagos. Donnelly tem um invejável currículo no parlamento europeu, relaciona-se com a indústria automobilística internacional e chefia o escritório da FIA em Bruxelas. O dirigente não é um especialista em segurança como Charles Whiting, mas um conhecedor profundo do automobilismo de competição. E veio para ouvir as explicações necessárias sobre o cronograma de obras de Interlagos. A pista estará fechada nos próximos cinco meses. Todo o asfalto será removido e substituído por um novo. O velho asfalto virará pó, será reciclado e pavimentará uma perimetral da cidade.
A FIA tem uma justificada preocupação com o GP Brasil de Fórmula 1, a única etapa latino-americana da categoria, que encerrará mais uma vez o Mundial de Pilotos e Construtores, este ano. O autódromo paulista se degrada a cada ano e as obras de recuperação são imprescindíveis para a cidade continuar sediando uma das etapas do Mundial de Fórmula 1.
Donnelly conversou com o presidente da SP Turis, Caio Luiz de Carvalho, com o secretário de Infra-estrutura, Marcelo Branco, com o administrador do circuito, Chico Rosa, e seguiu direto para Indianápolis depois de receber a garantia que o cronograma aprovado pela FIA será cumprido à risca. Como nos dois últimos anos, Interlagos poderá, outra vez, ter o privilégio de assistir à decisão do Mundial. E isso aumenta a responsabilidade dos dirigentes e promotores.
O dirigente inglês colocou a Fórmula 1 no lugar onde ela merece estar durante sua visita ao Brasil: o terceiro maior evento esportivo do mundo, depois apenas dos Jogos Olímpicos e Copa do Mundo. Portanto, incomparavelmente mais importante, por exemplo, dos que os Jogos Pan-Americanos cujas obras, no Rio de Janeiro, seguem em um ritmo preocupante a menos de um mês da cerimônia de abertura.
Seguir criteriosamente o cronograma de obras é a arma que a administração municipal tem para enfrentar a concorrência de outros países que reivindicam sua entrada no calendário internacional, oferecendo como opção autódromos modernos, confortáveis e seguros. E não depender apenas da boa vontade da FIA e da FOM que sempre demonstraram em relação ao GP Brasil, aceitando mudanças de prazo entre outras concessões exclusivas.
De acordo com o andar da carruagem, o GP Brasil promete. O campeonato está muito interessante com a ascendência de dois hipotéticos segundos pilotos –Lewis Hamilton e Felipe Massa– sobre os titulares – Fernando Alonso e Kimi Räikkönen. Mas tanto Alonso como Räikkönen (este, pela primeira vez, diga-se de passagem) deram mostra em Indianápolis que ainda não estão conformados com esse estado de coisas. E a disputa agora, a partir de Magny-Cours, será para reverter a situação. Se conseguirão, é outra história.O bom mesmo é que os quatro têm chances técnicas e aritméticas. E dificilmente a questão será solucionada antes de Interlagos.
Castilho de Andrade é jornalista especializado em automobilismo e Diretor de Imprensa do GP Brasil de Fórmula 1. Sua coluna é publicada às quartas-feiras no site oficial do evento.
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