Hamilton após vitória no Canadá
Por Castilho de Andrade
Lewis Hamilton sabe o que quer. E também o que não quer ser. Em uma declaração contundente, divulgada pela edição de domingo do diário espanhol ‘El País’, o líder do Mundial de Fórmula 1 esclareceu logo depois de estabelecer a primeira pole position de sua carreira: "Nunca serei na McLaren o que (Rubinho) Barrichello foi na Ferrari. Não me conformo em ser o número dois. Se for assim, não ficarei muito tempo. Vou embora".
Um piloto estreante que lidera o Mundial com seis pódios consecutivos, que não intimida diante de um bicampeão mundial na mesma equipe, alfineta um veterano como Rubinho e deixa claro que chegou para vencer – não importa quem seja o adversário - tem que ser levado muito a sério. Por isso nada mais justo do que a empolgação da mídia inglesa. Já ninguém se lembra de Jenson Button.
Julgo que o GP de Mônaco foi uma fronteira importante para Hamilton. Ele errou e bateu no treino, quase perdeu o segundo lugar depois de passar em uma zebra, mas garantiu seu lugar no pódio. A questão era saber como o piloto novato se sentiria depois de errar e receber uma admoestação de Ron Dennis. A reação não poderia ser mais positiva. Em um circuito que ele não conhecia – a não ser por um simulador! – Hamilton esteve sempre à vontade. Da pole ao primeiro lugar do pódio de Montreal.
Indianápolis pode ser mais uma das fronteiras que Hamilton terá que ultrapassar para pensar no título. Agora o que começará a pesar será a responsabilidade. A cada corrida, Lewis Hamilton será mais pressionado. E é esta pressão que forma a têmpera de um grande campeão.
No início da temporada, esperava-se uma disputa acirrada dentro da Ferrari entre Kimi Räikkönen e Felipe Massa. E acreditava-se que a condição de bicampeão mundial daria a Fernando Alonso a tranqüilidade necessária dentro da McLaren onde Lewis Hamilton era visto, muito mais, como um investimento de Ron Dennis para o futuro. As duas previsões falharam.
Massa, apesar do final de semana desastrado em Montreal, continua na frente de Räikkönen e a briga entre os dois está morna. E Hamilton, que já tinha corrido melhor do que o espanhol em Mônaco, conquistou sua primeira vitória no Canadá e aumentou sua vantagem na ponta da tabela.
A McLaren venceu em um circuito onde, no papel, a Ferrari teria vantagem. Em Indianápolis, no domingo, a situação é a mesma. A Ferrari sempre andou muito bem neste traçado que usa uma perna do lendário oval das 500 Milhas. As estatísticas da equipe italiana nesta pista são absolutas. Em 7 provas disputadas venceu 6, das quais 5 com Michael Schumacher e 1 com Barrichello. A McLaren tem uma única vitória com Mikka Hakkinen em 2001. Outro detalhe: dos 6 primeiros lugares que conquistou, a Ferrari fez a ‘dobradinha’ em 5 corridas. Na mais recente, em 2006, com Schumacher e Massa. Uma nova vitória e a McLaren terá demonstrado que, dificilmente, perderá os mundiais de Pilotos e Construtores de 2007.
Castilho de Andrade é jornalista especializado em automobilismo e Diretor de Imprensa do GP Brasil de Fórmula 1. Sua coluna é publicada às quartas-feiras no site oficial do evento.
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