Presidente sugere usar as corridas para divulgar a qualidade da tecnologia do etanol brasileiro
O presidente Luis Inácio Lula da Silva surpreendeu a comitiva encabeçada por Emerson Fittipaldi que o visitou no Palácio do Planalto na tarde desta sexta-feira (13/6) logo após os treinos realizados no Autódromo Internacional Nelson Piquet. Muito interessado, Lula fez várias perguntas técnicas e prometeu apoio a um projeto de revitalização dos autódromos brasileiros e incentivo ao esporte a motor: “Tragam o projeto. Se for bom, vamos fazer”, disse o Presidente. Lula adiantou ao grupo – que também contava com o piloto de Fórmula 3 Pedro Enrique e o piloto de GT3 Luis Garcia Júnior, além de dirigentes do campeonato Telefônica Speedy GT3 Brasil – que deseja fazer demonstrações com carros movidos a etanol brasileiro. “Uma idéia inicial seria fazer testes comparativos nos locais onde houvesse corrida. Precisamos mostrar (ao mundo) que o nosso etanol é menos poluente. Um teste que encomendamos ao Inmetro provou que os carros flexfuel (bicombustíveis, que usam tanto gasolina quanto álcool) emitem 8,5 vezes menos CO2 quando usam álcool em comparação com um carro abastecido com gasolina. Com biodiesel, é 5,3 vezes menos (em relação ao diesel mineral)”. Depois, o Presidente brincou: “Acho que vamos ter uma guerra contra as petroleiras”.
Emerson Fittipaldi contou ao Presidente que conduziu o pace car da última prova 500 Milhas de Indianápolis: “Era um Corvette movido a etanol”. Lula prosseguiu com várias perguntas sobre o automobilismo, passando por detalhes mais simples como a indumentária de segurança usada pelos pilotos. Mas se interessou mesmo quando os presentes afirmaram que, apesar de ter oito títulos mundiais, o Brasil conta com autódromos em situações precárias. “Nada justifica um autódromo ser usado apenas para as corridas. No mundo inteiro eles são multiuso, sendo utilizados também em destinações sociais, como cursos profissionalizantes, esportes variados e educação”, comentou Geraldo Rodrigues, sócio da SRO Latin America, empresa que trouxe para o Brasil a GT3, categoria de supercarros que vem atraindo vários grandes pilotos, como Emerson, Nelson Piquet, Ingo Hoffmann, Roberto Moreno e muitos outros. O Presidente respondeu que é possível reverter este quadro: “No caso de Brasília, por exemplo, o mais difícil foi feito, que era construir o autódromo. Agora que está feito temos que manter”. Mas o Presidente disse que é preciso um projeto bem elaborado para alavancar a iniciativa: “Eu aprendi nestes cinco anos (de governo) que não é apenas a idéia que atrai o dinheiro, é preciso um bom projeto. Aí pode dar certo”.
Rodrigues deu como exemplo um autódromo bem próximo à Capital Federal. “A pista de Goiânia foi concebida como um modelo para receber o Mundial de Motovelocidade. Hoje, está abandonada e não tem mais condições de ter corridas”. “Apresente a idéia da recuperação de Goiânia que a gente traz o governador aqui para falar disso”.
Lula sugeriu utilizar as próprias corridas para atrair o interesse para a qualidade da tecnologia do etanol brasileiro: “Podemos fazer uma prova com carros a álcool e depois medir (as emissões de CO2 e outros poluentes). Podemos fazer com a Petrobras”. O Ministro dos Esportes, Orlando Silva, também presente ao encontro, perguntou se Emerson poderia ser um dos pilotos. “Claro! Sem dúvida”, disse Fittipaldi. “Temos que apoiar os novos talentos”, emendou Orlando Silva“. Sobre isso, a comitiva sugeriu que a Petrobras tenha um programa de apoio a jovens pilotos, a exemplo de petroleiras de vários países.
O presidente surpreendeu o grupo novamente ao se mostrar atento ao que acontece no automobilismo: “A Ferrari fez tudo errado na última corrida”, disse, se referindo aos contratempos do time do brasileiro Felipe Massa, que poderia ter vencido no Canadá. “Mas aqui não, vai ser diferente!”, brincou o piloto Luis Garcia Júnior, que conduzirá um Ferrari F430 V8 nas duas provas da GT3 neste final de semana em Brasília. No final, ao se despedir, o Presidente cobrou da comitiva: “A dívida de vocês agora (para com ele) é me trazer o projeto”.
Bem-humorado, Lula tentou vestir o capacete de Pedro Enrique. Mas como a modelagem não serviu, aceitou a oferta de Emerson Fittipaldi e vestiu o capacete do bicampeão mundial. Feliz como um fã, tirou fotos com o equipamento.
Rodolpho Siqueira e Caio Moraes
Foto: Miguel Costa Júnior
Press Consultoria Ltda
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