Vice-líder Ricardo Maurício diz que é “mais gostoso” correr no frio
SÃO PAULO – Se a previsão da meteorologia se confirmar, a quarta etapa da Stock Car – marcada para o final de semana em Santa Cruz do Sul, no interior gaúcho – será a mais gelada do calendário. De acordo com o Instituto Climatempo, durante os três dias de atividades de pista – treinos livres da quinta-feira, classificatórios de sexta e corrida no sábado – as temperaturas não ultrapassarão a 18 graus, mas, dependendo da intensidade dos ventos, a sensação térmica poderá cair bem abaixo desse número.
A mínima prevista para esta segunda-feira na pequena cidade da região central do Rio Grande do Sul era de apenas dois graus. Embora provoque desconforto para a maioria das pessoas, no entanto, o frio não é necessariamente ruim no automobilismo. “Dentro do carro, é até mais gostoso do que no calor”, garante o vice-líder Ricardo Maurício (Medley), que está a apenas um ponto de Marcos Gomes e vem de vitórias em Curitiba e Brasília. “Na verdade, o que pode complicar um pouco, especialmente em relação aos pneus, é a variação da temperatura. No frio, é necessário duas ou três voltas para o aquecimento ideal dos pneus. Mas, se a temperatura aumentar ou baixar ao longo dos dias, é preciso repensar a calibragem, e aí sempre existe o risco de se errar”, observa Maurício.
O engenheiro do carro de Mauricio acredita que o frio oferece mais pontos positivos do que negativos. “De uma forma geral, é melhor correr sob temperaturas mais baixas. Neste carro da Stock Car, freios, amortecedores e o interior ficam muito mais quentes do que desejaríamos. Não é o que deve acontecer em Santa Cruz do Sul. Lá, pelo contrário, vamos fechar a tampa do motor aos poucos até se alcançar a temperatura certa. O mesmo ocorre com os pneus. Podemos arriscar mais na calibragem e na cambagem das rodas, pelo menos nos treinos classificatórios”, analisa Thiago Meneghel.
A forte massa de ar frio procedente da Argentina vai apenas tornar menor o desgaste dos pneus numa pista que já não costuma trazer problemas para os engenheiros. “O asfalto de Santa Cruz do Sul é novo e de boa qualidade. Não é crítico na questão da temperatura, como Tarumã, e nem abrasivo como o de Brasília. Afinal, o autódromo foi inaugurado há apenas três anos”, lembra Meneghel. “Além disso, a longa reta ajuda no resfriamento dos pneus, que idealmente devem atingir entre 100 e 115 graus nas curvas”, acrescenta.
Dividida em duas organizações independentes, comandadas pelo mesmo diretor técnico Andreas Matthes, a Medley vem de quatro vitórias consecutivas. Marcos Gomes, que fechou o ano passado vencendo em Interlagos, repetiu a dose na abertura do calendário de 2008 no mesmo circuito. Depois da etapa de Curitiba, aproveitando o maior intervalo do calendário, os carros da equipe foram submetidos a uma minuciosa revisão nas oficinas de Petrópolis, região serrana do Rio de Janeiro. Maurício, que segue na quarta-feira para Santa Cruz do Sul, não vê a hora de entrar na pista para os primeiros ensaios. “Estou ansioso. Um mês sem correr é tempo demais.”
Habituado às baixas temperaturas de Petrópolis, Mattheis diz que “carro de corrida não gosta de calor”. Mas o extremo oposto também é uma fonte de preocupação. “A temperatura amena da pista, em torno de 20 ou 25 graus, nivela todo mundo. Quando está muito quente, leva vantagem quem encontra a temperatura ideal de funcionamento dos pneus mais rápido. É a mesma coisa no frio. Vamos ter de dar uma boa olhada nessa questão antes de mandar os carros para a pista.”
Márcio Fonseca (MTb 14.457)
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