Supermáquinas que disputam sua primeira temporada no Brasil vêm com manuais minuciosamente detalhados. Eles estão mudando a forma de trabalhar das equipes no País
Chefes de equipe, mecânicos e engenheiros baseiam-se sempre no conhecimento e na experiência para o acerto e manutenção dos carros de corrida. E no Brasil GT3 Championship, categoria que reúne alguns dos mais desejados carros do planeta e que no final de semana que vem realizará sua quarta rodada dupla em Goiânia (GO), não poderia ser diferente. No entanto, o torneio vem estabelecendo um novo padrão de qualidade no que tange a manutenção e utilização de seus bólidos, que são na verdade supercarros: Ferrari F430, Porsche 997 GT3 Cup, Lamborghini Gallardo, Dodge Viper Coupè e outros modelos que devem desembarcar em breve no país, segundo a organização do campeonato. Uma das inovações em termos de carros de corrida é o fato de os técnicos utilizarem um manual fornecido por cada marca participante da competição, com instruções que devem ser seguidas à risca.
“Estes manuais reúnem detalhes importantes de cada carro, dicas de manutenção e tempo (ou quilometragem) para a troca ou revisão de peças. Em alguns casos, os manuais são de autoria do fabricante, em outros, da empresa responsável pela preparação do carro e homologação junto à FIA (Federação Internacional de Automobilismo)”, diz Edgard Mello Filho, chefe de equipe da CRT/Ferrari.
Evolução – “Os nossos carros são uma evolução dos supermodelos de rua, com um kit de desenvolvimento produzido por alguém credenciado pela fábrica”, explica Mello Filho. “O manual dá referências sobre as revisões, checagens e acertos, e ajuda a manter um controle mais rígido para evitar quebras e problemas que rotineiramente atormentam pilotos e equipes”, continua.
Segundo o chefe de equipe da CRT/Ferrari, cada manual usa um critério distinto na manutenção dos carros. “No caso dos Ferrari F430, por exemplo, os livros trazem o controle de desgaste das peças em horas de uso, e não em quilometragem”, detalha Mello Filho. “Então, ao checarmos, por exemplo, as bronzinas do motor, vemos se as peças estão perfeitas e íntegras, sem riscos ou asperezas após cada 33 horas de uso – que é o tempo de uso destas peças até a próxima revisão específica nos F430. Se tudo estiver ok, o manual recomenda apenas mais oito horas de uso das bronzinas e determina medidas preventivas extras antes da segunda avaliação. Mas caso as peças indiquem alguma anormalidade, fazemos a troca imediatamente. Não vale a pena correr riscos”, explica Edgard.
Crer em tudo – Para Paulo de Tarso, piloto e chefe de equipe da Action Power, o manual tem de ser seguido à risca. “Deve-se acreditar em tudo que está escrito ali, e é bem detalhado”, elogiou o experiente ex-piloto da Stock Car, conhecido por sua paixão pelos aspectos técnicos dos carros, a ponto de ser um dos maiores investidores do automobilismo brasileiro da atualidade. Tarso diz que para trabalhar com o Dodge Viper Coupé ele também segue sua experiência em outras categorias, como a Stock Car V8. “Trabalhamos muito com manutenção preventiva, em todas as categorias pelas quais passamos. Mas se o manual indica que o motor deve durar 800 quilômetros, por exemplo, ao passar desta quilometragem sem a manutenção adequada, a responsabilidade por alguma quebra passa a ser inteiramente sua”, conta.
Detalhado também é o manual do Lamborghini Gallardo. Os carros da marca italiana são preparados pela Reiter Engeneering, uma especialista baseada na Alemanha. “Até estranhei de início, porque é muito didático, parece explicar os procedimentos a uma criança de cinco anos”, admira-se Thiago Meneghel, engenheiro da Medley A-Mattheis. “O manual é estranhamente rico em detalhes, em informações bastante relevantes para quem trabalha com o carro, com muita orientação”, elogia o técnico.
Foco nos acertos – Com o Porsche 997 GT3 Cup usado pela WB Motorsport, equipe comandada por Washington Bezzera, é um pouco diferente. O manual, segundo ele, determina apenas os acertos do carro de acordo com as especificações do fabricante. “Acho que este documento produzido pela Porsche parece muito uma ficha de homologação da FIA, só que mais detalhada que o normal. Ali tem explicado tudo sobre a cambagem do carro, alinhamento, tipo de óleo para ser usado no motor e câmbio, altura em relação ao solo, essas coisas”, afirmou. Com o auxílio de engenheiros da equipe alemã Konrad Motorsport – um time que há décadas utiliza bólidos da Porsche –, o trabalho de acerto do 997 GT3 Cup da WB tem muita influência dos técnicos alemães, que conhecem o manual do bólido de cor.
Foto: Miguel Costa Junior
Cleber Bernuci, Rodolpho Siqueira e Caio Moraes
Press Consultoria Ltda.
Chefes de equipe, mecânicos e engenheiros baseiam-se sempre no conhecimento e na experiência para o acerto e manutenção dos carros de corrida. E no Brasil GT3 Championship, categoria que reúne alguns dos mais desejados carros do planeta e que no final de semana que vem realizará sua quarta rodada dupla em Goiânia (GO), não poderia ser diferente. No entanto, o torneio vem estabelecendo um novo padrão de qualidade no que tange a manutenção e utilização de seus bólidos, que são na verdade supercarros: Ferrari F430, Porsche 997 GT3 Cup, Lamborghini Gallardo, Dodge Viper Coupè e outros modelos que devem desembarcar em breve no país, segundo a organização do campeonato. Uma das inovações em termos de carros de corrida é o fato de os técnicos utilizarem um manual fornecido por cada marca participante da competição, com instruções que devem ser seguidas à risca.
“Estes manuais reúnem detalhes importantes de cada carro, dicas de manutenção e tempo (ou quilometragem) para a troca ou revisão de peças. Em alguns casos, os manuais são de autoria do fabricante, em outros, da empresa responsável pela preparação do carro e homologação junto à FIA (Federação Internacional de Automobilismo)”, diz Edgard Mello Filho, chefe de equipe da CRT/Ferrari.
Evolução – “Os nossos carros são uma evolução dos supermodelos de rua, com um kit de desenvolvimento produzido por alguém credenciado pela fábrica”, explica Mello Filho. “O manual dá referências sobre as revisões, checagens e acertos, e ajuda a manter um controle mais rígido para evitar quebras e problemas que rotineiramente atormentam pilotos e equipes”, continua.
Segundo o chefe de equipe da CRT/Ferrari, cada manual usa um critério distinto na manutenção dos carros. “No caso dos Ferrari F430, por exemplo, os livros trazem o controle de desgaste das peças em horas de uso, e não em quilometragem”, detalha Mello Filho. “Então, ao checarmos, por exemplo, as bronzinas do motor, vemos se as peças estão perfeitas e íntegras, sem riscos ou asperezas após cada 33 horas de uso – que é o tempo de uso destas peças até a próxima revisão específica nos F430. Se tudo estiver ok, o manual recomenda apenas mais oito horas de uso das bronzinas e determina medidas preventivas extras antes da segunda avaliação. Mas caso as peças indiquem alguma anormalidade, fazemos a troca imediatamente. Não vale a pena correr riscos”, explica Edgard.
Crer em tudo – Para Paulo de Tarso, piloto e chefe de equipe da Action Power, o manual tem de ser seguido à risca. “Deve-se acreditar em tudo que está escrito ali, e é bem detalhado”, elogiou o experiente ex-piloto da Stock Car, conhecido por sua paixão pelos aspectos técnicos dos carros, a ponto de ser um dos maiores investidores do automobilismo brasileiro da atualidade. Tarso diz que para trabalhar com o Dodge Viper Coupé ele também segue sua experiência em outras categorias, como a Stock Car V8. “Trabalhamos muito com manutenção preventiva, em todas as categorias pelas quais passamos. Mas se o manual indica que o motor deve durar 800 quilômetros, por exemplo, ao passar desta quilometragem sem a manutenção adequada, a responsabilidade por alguma quebra passa a ser inteiramente sua”, conta.
Detalhado também é o manual do Lamborghini Gallardo. Os carros da marca italiana são preparados pela Reiter Engeneering, uma especialista baseada na Alemanha. “Até estranhei de início, porque é muito didático, parece explicar os procedimentos a uma criança de cinco anos”, admira-se Thiago Meneghel, engenheiro da Medley A-Mattheis. “O manual é estranhamente rico em detalhes, em informações bastante relevantes para quem trabalha com o carro, com muita orientação”, elogia o técnico.
Foco nos acertos – Com o Porsche 997 GT3 Cup usado pela WB Motorsport, equipe comandada por Washington Bezzera, é um pouco diferente. O manual, segundo ele, determina apenas os acertos do carro de acordo com as especificações do fabricante. “Acho que este documento produzido pela Porsche parece muito uma ficha de homologação da FIA, só que mais detalhada que o normal. Ali tem explicado tudo sobre a cambagem do carro, alinhamento, tipo de óleo para ser usado no motor e câmbio, altura em relação ao solo, essas coisas”, afirmou. Com o auxílio de engenheiros da equipe alemã Konrad Motorsport – um time que há décadas utiliza bólidos da Porsche –, o trabalho de acerto do 997 GT3 Cup da WB tem muita influência dos técnicos alemães, que conhecem o manual do bólido de cor.
Foto: Miguel Costa Junior
Cleber Bernuci, Rodolpho Siqueira e Caio Moraes
Press Consultoria Ltda.
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