Comissários do GP de Mônaco consideraram que o heptacampeão mundial de Fórmula 1 errou de propósito e assim resolveram tirar seus tempos
MONTECARLO, Mônaco - De novo Michael Schumacher aprontou das suas. Desta vez foi nas ruas do Principado de Mônaco, neste sábado. Ao perceber que Fernando Alonso, da Renault, o superaria na luta pela pole position, decidiu simular um erro e deixar sua Ferrari atravessada na pista, na última curva do circuito, a La Rascasse, quando o cronômetro já havia zerado na sessão de classificação. Era a última chance de Alonso e Kimi Raikkonen, da McLaren, para estabelecer um tempo melhor e assumir o primeiro lugar no grid, condição bastante favorável para vencer a corrida. Com a perda dos todos os seus tempos imposta pelos comissários, por concluírem que agiu deliberadamente, para prejudicar os concorrentes, Schumacher largará em último.
As horas que antecederam a decisão dos comissários estão dentre as mais tumultuadas dos últimos tempos na Fórmula 1 - saiu somente por volta das 23 horas (local). A pole position da sétima etapa do Mundial ficou com Alonso, o líder do campeonato. "Minha volta, quando Schumacher parou o carro na pista, era três décimos de segundo mais rápida que a sua. Com certeza a pole seria minha", afirmou o espanhol.
Schumacher não se pronunciou a respeito da punição, tampouco a Ferrari distribuiu comunicado à imprensa. Na entrevista coletiva depois do treino, quando o que havia era apenas a acusação, foi até ríspido ao defender-se. "Você acha isso. Posso te garantir que tenho milhares de torcedores que vêem o que se passou de outra forma", respondeu a um jornalista inglês que lhe pediu explicações pela "sua ação deliberada."
A grande maioria dos profissionais da Fórmula 1 condenou o comportamento de Schumacher. E seu histórico de atitudes antidesportivas foi amplamente lembrado, como as batidas provocadas por ele nas decisões dos títulos de 1994, com Damon Hill, na Austrália, e 1997, com Jacques Villeneuve, na Espanha.
Kimi Raikkonen, da McLaren, agora terceiro no grid, sempre político, desta vez não poupou o adversário, antes de conhecer a decisão dos comissários: "Merece ser punido. As imagens registradas pela câmara da Ferrari provam que não houve nada de errado no carro, foi uma ação deliberada."
Jackie Stewart, três vezes campeão do mundo, comentou: "Eu nunca havia visto nada semelhante no automobilismo."
As punições, portanto, foram boas para Rubens Barrichello, da Honda, originalmente em sétimo, mas quinto no grid em razão das penas impostas a Schumacher e Fisichella. "Estou surpreso. Com a estratégia que escolhemos, não esperava estar tão adiante no grid. Dá para acreditar que terei uma boa corrida." Deu a entender estar com volume considerável de gasolina.
Abaixo, o novo grid de largada do GP de Mônaco (que terá 78 voltas):
1.º - Fernando Alonso (ESP/Renault), 1min13s962;
2.º - Mark Webber (AUS/Williams), 1min14s082;
3.º - Kimi Raikkonen (FIN/McLaren), 1min14s140;
4.º - Juan Pablo Montoya (COL/McLaren), 1min14s664;
5.º - Rubens Barrichello (BRA/Honda), 1min15s804;
6.º - Jarno Trulli (ITA/Toyota), 1min15s857;
7.º - David Coulthard (ESC/Red Bull), 1min16s426;
8.º - Nico Rosberg (ALE/Williams), 1min16s636;
9.º - Giancarlo Fisichella (ITA/Renault), 1min17s367;
10.º - Ralf Schumacher (ALE/Toyota), 1min14s398;
11.º - Christian Klien (AUT/Red Bull), 1min14s747;
12.º - Vitantonio Liuzzi (ITA/Toro Rosso), 1min14s969;
13.º - Jenson Button (ING/Honda), 1min14s982;
14.º - Jacques Villeneuve (CAN/BMW Sauber), 1min15s052;
15.º - Nick Heidfeld (ALE/BMW Sauber), 1min15s137;
16.º - Christijan Albers (HOL/Midland), 1min15s598;
17.º - Tiago Monteiro (POR/Midland), 1min15s993;
18.º - Scott Speed (EUA/Toro Rosso), 1min16s236;
19.º - Takuma Sato (JPN/Super Aguri), 1min17s276;
20.º - Franck Montagny (FRA/Super Aguri), 1min17s502;
21.º - Felipe Massa (BRA/Ferrari), sem tempo;
22.º - Michael Schumacher (ALE/Ferrari), sem tempo*.
Obs.: *Punido com a perda de todos os seus tempos
Livio Oricchio
Foto: Motorsport
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