Dupla aposta na experiência, na pilotagem equivalente e no Viper.
Com cinco primeiros lugares, muscle car da Dodge é o que mais venceu em 2007, ao lado do Lamborghini Gallardo
Dois supercarros se destacaram especialmente na primeira temporada do Brasil GT3 Championship, em 2007. O Lamborghini Gallardo mostrou sua força logo de saída, e inicialmente chamou a atenção como o carro a ser batido – embora esse domínio tenha sido revertido já nos estágios intermediários da competição com o avanço de outros supermodelos. Mas até o final do ano o bólido italiano acusaria o golpe do contra-ataque oferecido pelo Dodge Viper Competition, um representante legítimo dos muscle cars – como os norte-americanos chamam os carros puro-sangue com vocação para grande potência e design intimidador. Como resultado, no fim da temporada, os dois carros haviam faturado cinco primeiros lugares cada um. Mais do que isso, para o piloto americanense Fábio Casagrande, o Viper deve ser mantido com destaque na lista de prováveis vencedores em 2008. Ele próprio utilizará uma das “víboras” (tradução do nome bastante sugestivo do agressivo Viper), e terá como parceiro o experiente Guto Negrão – e eis aqui outro motivo para otimismo da equipe Casagrande Racing.
A GT3 ainda vive o suspense da liberação do novo regulamento técnico, fato que ocorrerá após o último teste de equalização dos supercarros, a ser realizado no próximo dia 31, em Nogaro (França). Mas, pelo que mostrou no Brasil em 2007, o Viper é um nome de respeito para 2008 também. “Escolhemos este modelo por duas questões”, diz Casagrande. “Primeiro, o custo, que é bastante interessante se comparado com os demais supercarros da GT3. Depois, ele é o modelo que mais recebeu restrições mecânicas por parte da FIA, visando reduzir seu desempenho. Ou seja, quando equiparou a performance de todos, o Viper foi o mais penalizado. Em outras palavras, isso significa que ele é o que tem mais potencial para recuperar”.
Longe do limite – A declaração tem lá sua lógica. E parece ser opinião de muitos pilotos, a ponto de o Viper ter sua cota de inscrições já esgotada na GT3 para 2008. Afinal, enquanto o Lambo concentrou vitórias na primeira metade da temporada, a “víbora” americana fez o contrário: de seus cinco primeiros lugares, quatro foram obtidos nas cinco últimas provas de 2007 – contra uma do Gallardo que, inclusive, foi preterido pelos campeões Andréas Mattheis/Xandy Negrão em favor da maior eficiência do Viper na rodada dupla final que decidiu o título, em Interlagos. “E tem mais: por ter tantas restrições impostas na equalização, o Viper anda bem abaixo do seu limite de resistência mecânica. Então, sua confiabilidade é teoricamente maior – o que significa que podemos abusar um pouco mais dele. O índice de quebras do Viper foi bem pequeno no ano passado”, aponta Casagrande.
No entanto, a equipe da “dupla caipira” (ambos são do Interior de São Paulo; Casagrande de Americana, Guto de Campinas) não ajudou a aumentar o índice de vitórias do Viper em 2007. “Apesar de sempre termos conseguido bons lugares no grid de largada, geralmente entre os cinco melhores, nós tivemos uma temporada irregular no ano passado”, conta Fábio Casagrande. “Aconteceram muitos problemas e em algumas etapas nem fomos para a pista, especialmente nas duas primeiras rodadas duplas (ou seja, quatro das dez corridas), devido a acidentes e à falta de peças naquele período. Somando tudo, acho que posso dizer que disputamos somente meia temporada”.
“E eu ainda troquei muito de parceiro, só acertei com o Guto para a última rodada dupla. Isso também atrapalhou bastante”, continua o americanense. “Essa inconstância na formação da dupla impediu a criação de uma sintonia, daquele entendimento mútuo que os bons parceiros desenvolvem em termos de trabalho de acerto e na pilotagem. No ano passado, quando estava bom para um dos pilotos, para o outro não era o ideal. Neste aspecto, eu e o Guto nos acertamos logo de cara – mas nossa dupla foi formada apenas na última rodada dupla do ano, em Interlagos. O que ele gosta de ter nas reações do carro é muito parecido com o meu estilo, e isso certamente vai facilitar nossa vida em 2008”.
“Guto sabe muito” – Casagrande acredita que sua parceria com Guto Negrão abre novas perspectivas para a equipe baseada na cidade de Americana: “Primeiro, em treinos nós viramos mais ou menos o mesmo tempo, o que indica que temos uma dupla equilibrada, equivalente, que deve andar forte em todas as provas”, diz ele. “Depois, a experiência do Guto foi importante já na primeira corrida que fizemos, no ano passado. E até ali ele não teve tempo de nos ajudar a acertar o carro, pois até as vésperas da prova não sabia se iria correr mesmo. Eu vim do automobilismo disputado por carros do tipo Fórmula, e por isso ainda tenho muito a aprender sobre os Turismo. Mas o Guto sabe muito, e com certeza pode fazer a diferença para a gente este ano”.
A dupla Casagrande/Negrão pretende fazer dois testes antes do início da temporada, marcado para o dia 20 de abril, em Curitiba (PR). “Por uma questão de praticidade, vamos andar em Interlagos, que fica apenas a 90 quilômetros da sede da equipe”, diz Casagrande. As datas dos ensaios ainda não foram anunciadas.
Rodolpho Siqueira e Caio Moraes
Press Consultoria Ltda
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