Alongamento evita inflamações durante a prova;bom condicionamento físico e concentração são
imprescindíveis para suportar situações de intenso desgaste físico
São Paulo, outubro de 2006 – No próximo domingo (22 de outubro), o mundo estará com as atenções voltadas para o 35º Grande Prêmio Brasil de Fórmula 1. Porém, o que muitos não sabem é que, apesar da série de treinos a que as equipes são submetidas, a preparação dos pilotos começa bem longe das pistas, ainda na pré-temporada. "Há quem pense que, por passar grande parte do tempo sentado, o piloto de Fórmula 1 quase não faz esforço físico", considera Ari Zekcer, ortopedista especialista em medicina esportiva e cirurgia do joelho que integrou a equipe responsável pelo atendimento médico durante a prova brasileira entre 2003 e 2005.
"A necessidade de concentração e a rapidez que é exigida dos reflexos devido à alta velocidade obriga que os atletas sigam um intenso programa de treinamento físico, intercalando exercícios de resistência e hipertrofia muscular com exercícios aeróbicos para manter o condicionamento físico", explica Zekcer. A velocidade média nas corridas de Fórmula 1 supera os 300 km/h, e o tempo de direção chega a duas horas ininterruptas. Outro fator que exige resistência e força do atleta é a ação da gravidade. Ao atingir altas velocidades, a gravidade que atua sobre o corpo do piloto é de cerca de 5 vezes o seu peso. "Quanto mais o piloto acelerar, mais ele será ‘achatado’ dentro do carro", lembra o médico. Vale considerar que, só no GP Brasil, serão 71 voltas totalizando uma distância total de 305,909 km. O trecho considerado de maior velocidade é o da reta dos boxes, no qual é possível atingir a marca de 300 km/h. "É de suma importância que os pilotos façam alongamento antes e depois da prova, principalmente dos músculos posteriores da coxa. Esse procedimento evita inflamações e dores nos joelhos durante a prova", avalia.
Todos esses fatores obrigam o piloto a ter uma musculatura excepcional nos braços, antebraços, costas, coluna vertebral e abdômen para sustentar o efeito "prensa" do volante. É importante incluir na programação treinos para sensibilidade fina chamada de propriocepção (treinos em trampolim e pranchas instáveis e exercícios para aprimorar os reflexos). "Isso sem contar que a tensão e estresse a que se submete nessas circunstâncias fazem com que a freqüência cardíaca do piloto alcance limites próximos do seu batimento máximo", ressalta o especialista.
Os pilotos também sofrem com a alta temperatura, que provoca perda de líquidos. Outro detalhe é que há uma ação significativa sobre os ombros – que mantém braço e antebraço durante as trocas de marcha e manutenção do volante –, e o pescoço, que suporta o capacete por conta da ação gravitacional. "A resistência nos pés e pernas também é importante, já que o atleta permanece praticamente duas horas sem realizar grandes movimentos nos membros inferiores", diz. "É claro que o resultado final é uma junção de fatores técnicos, físicos e psicológicos", conclui Zekcer.
Idea Comunicação Criativa
William Parron – wparron@ideacomm.com.br
Daniel Damas – daniel@ciadainformacao.com.br
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