A preparadora Matech Concept, na Suíça, informou aos organizadores do Brasil GT3 Championship que a temporada 2008 da categoria no país deverá contar com pelo menos cinco exemplares do belíssimo Ford GT, um carro que traz em seu DNA (e também nas linhas) lembranças do mais famoso carro de corridas já produzido pela fábrica norte-americana, o mitológico GT40. A Matech é a empresa autorizada pela Ford a instalar os kits de competição que transformam seu modelo na fera que a partir de abril estará rasgando as retas dos autódromos brasileiros. Um deles será conduzido pelo tricampeão Nelson Piquet, alguém que também parece ter sucumbido à mistura de elegância e história que inspiraram os projetistas do modelo. Mais um dos supercarros da Ford já tem piloto conhecido: Walter Salles, que na rodada dupla final de 2007 estreou na GT3 com um Lamborghini Gallardo, ao lado do piloto de GP2 Xandinho Negrão. A pedidos dos pilotos, a fábrica não informa o nome dos demais competidores ou equipes que trarão o Ford GT para o Brasil. Segundo a Matech, três Ford GT estarão já na primeira corrida da temporada, em abril, enquanto os outros dois chegam ao país a tempo de disputar a segunda rodada dupla, em maio.
De acordo com o regulamento, somente seis exemplares de cada modelo podem competir no Brasil GT3 Championship. Como resultado, apenas mais um Ford GT terá inscrição aceita. Dois modelos já atingiram a cota máxima: o igualmente carismático Ferrari F430 e o agressivo Dodge Viper Competition. O torneio também contará com vários Lamborghini Gallardo e Porsche 911 GT3 Cup. Assim como o Ford GT, que nunca competiu no Brasil, dois outros supercarros estão sendo sondados para estrear por aqui em 2008 – e ambos com múltiplas unidades. Para não interferir nas negociações, a organização não divulga novos modelos antes que eles estejam 100% confirmados.
Questão de honra – Há uma grande expectativa entre todos os pilotos quanto à estréia do Ford GT no Brasil. O fato se deve ao carro que o inspirou – o GT40. Com o GT, a Ford prestou uma homenagem ao carro que ela construiu para derrotar a pequena mas então aparentemente invencível Ferrari na corrida de longa duração mais cobiçada da história, as 24 Horas de Le Mans.
Financiado por sua relativamente pequena produção de carros de rua, o time italiano vinha mantendo uma escrita humilhante para os concorrentes na prestigiosa prova francesa: havia vencido seis vezes seguidas, de 1960 a 1965. A Ford montou um departamento exclusivo na Inglaterra (Ford Advanced Vehicles) e não poupou gastos para derrotar os italianos – algo que se tornou questão de honra depois que Enzo Ferrari interrompeu na última hora as negociações de venda de sua fábrica para a Ford, que se arrastavam por anos e haviam consumido milhões de dólares da empresa americana na satisfação de exigências e em uma auditoria para definir o valor da compra. Com a decisão unilateral de Enzo Ferrari, a gigante da indústria se sentiu embaraçada publicamente.
Em 1966, os americanos finalmente conseguiram vencer em Le Mans, repetindo o feito até 1969. Apesar da diferença de recursos entre as duas forças oponentes, a prova de 1966 tornou o GT40 um marco em função das soluções mecânicas encontradas pelos engenheiros da Ford, em um pacote tecnológico que possibilitou à marca não apenas vencer, mas conquistar os três primeiros lugares em Le Mans, algo absolutamente espetacular. Agora, o Ford GT fará os fãs da marca e da história do automobilismo reviver esses momentos. E, claro, com os Ferrari – que dominaram a cena européia em 2007 – ainda na pista.
Rodolpho Siqueira e Caio Moraes
Press Consultoria Ltda
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