Campeonato terá uma rodada dupla final dramática daqui 15 dias, na Espanha
Em um desenrolar ao mesmo tempo emocionante e dramático, o Campeonato Mundial de Fórmula GP2 chegou a seu clímax neste fim de semana, na Bélgica, quando o duelo entre o alemão Timo Glock e o brasileiro Lucas Di Grassi continuou a surpreender com inesperados acontecimentos que, desde as últimas quatro rodadas duplas, têm temperado a decisão pelo título. Lucas o segundo pódio do fim de semana ao conquistar novamente o terceiro lugar e, com o abandono de Glock depois de ter sido tocado pelo argentino Ricardo Rissati na volta de apresentação, o brasileiro está agora apenas dois pontos atrás do alemão, levando a decisão do título para a rodada dupla final, nos dias 29 e 30 de setembro, na pista espanhola de Valência. A corrida deste domingo, válida pela 19ª etapa, foi vencida pelo indiano Karun Chandhok, primeiro piloto daquele país a ganhar uma prova de uma categoria de destaque internacional,
Na rodada dupla anterior, Lucas teve um fim de semana difícil ao sofrer uma quebra quando, faltando apenas uma volta e meia para a bandeirada, ocupava o segundo lugar na primeira corrida. O resultado o colocaria na liderança do torneio, mas a falha no câmbio o relegou ao 14º lugar na corrida (sem pontos), enquanto Glock terminava em quinto e aumentava sua vantagem. Na prova seguinte, Di Grassi largou em 14º como manda o regulamento e chegou em quarto, assistindo Glock herdar a vitória depois de acidentes e quebras de três carros a sua frente.
Tudo isso fez Glock chegar à Bélgica com 11 pontos de vantagem sobre Lucas, com muitos especialistas considerando que o alemão tinha agora o título em suas mãos, especialmente por contar com um carro preparado pela iSport International, tida unanimemente como o melhor time da temporada. Mas não foi isso o que se viu. Di Grassi novamente mostrou mais autocontrole desde o início, obtendo inclusive uma melhor colocação no grid de largada da primeira prova (4º, contra 6º do alemão) e obtendo dois pódios: um na corrida de sábado e outro neste domingo, ambos correspondentes ao terceiro lugar. Glock, de seu lado, foi um dos quatro pilotos que enfrentaram uma pane na largada e ficaram parados no sinal verde. O alemão então passou a realizar uma corrida de recuperação visando também aproveitar a pista livre a frente para registrar a melhor volta e ganhar mais um ponto. O piloto da iSport terminou no 17º lugar na prova de ontem e largou dessa colocação neste domingo, enquanto Lucas e os outros sete primeiros colocados tiveram sua posição de largada invertida, conforme manda o regulamento, saindo em sexto.
Como fez no sábado, quando quase tomou a ponta na largada, Di Grassi colocou em ação uma característica que tem sido sua marca registrada na GP2: com uma partida muito agressiva, Lucas pulou de sexto para terceiro na largada neste domingo. A partir daí, brigou contra o carro, que perdia rendimento. “No começo, o carro estava bom mas o desgaste dos pneus foi bem maior do que eu e minha equipe (ART Grand Prix) prevíamos. E eu tive que me contentar em terminar em terceiro”, conta o brasileiro. “Eu estava acelerando 100% o tempo todo, seja para avançar e ganhar alguma posição, seja para me defender ou simplesmente para manter o ritmo do pelotão da frente. Mas os pneus se deterioraram rapidamente – e não foi por que eu acelerei muito, mas sim por que eles simplesmente se desgastaram mais do que deveriam. Todo mundo estava andando no máximo o tempo todo, mas os dois carros à minha frente tinham um carro muito bem acertado, realmente eficiente nessa pista hoje. Chegar em terceiro foi o que deu para fazer”.
Di Grassi comentou que durante toda a corrida pensou na briga pelo título. “Eu já sabia que o Glock estava fora da prova, então minha meta era pontuar ao máximo”, explica. “Na verdade, eu tentei mesmo ganhar essa corrida, pois sairia da pista empatado com ele na pontuação e não dois pontos atrás. Mas o carro estava no limite e o risco de perder tudo em uma manobra menos calculada era enorme. Esse resultado foi importante em termos de campeonato. Agora estou a apenas dois pontos do Timo. Dentro do sistema de pontuação da GP2, que coloca 20 pontos em jogo por rodada dupla, isso é um empate técnico, significa que na rodada dupla da Espanha quem chegar na frente leva o título. Depois do que aconteceu na Itália, eu não poderia sonhar com nada melhor. Mas não quero nem posso comentar nada sobre o que pode acontecer em Valência. Como toda rodada dupla da GP2, vai ser uma disputa a parte. Vai se dar melhor não apenas o melhor piloto naquele fim de semana, mas também o melhor acerto, a melhor consistência em termos de rendimento de pneus, quem melhor souber aproveitar as voltas na tomada de tempos, quem souber dar o bote na hora certa na ultrapassagem, quem largar melhor... Eu aprendi aqui na GP2 que em uma categoria tão competitiva se dá melhor quem erra menos. Na Espanha, a nossa equipe precisa manter a concentração, temos que manter o foco”.
A nova classificação do Campeonato é esta:
1 – Timo Glock (Alemanha), 79
2 – Lucas di Grassi (Brasil), 77
3 – Luca Filippi (Itália), 58
4 – Giorgio Pantano (Itália), 49
5 – Kazuki Nakajima (Japão), Javier Villa (Espanha) e Adam Carroll (Irlanda), 36
8 – Bruno Senna (Brasil), 34
9 – Andreas Zuber (Áustria), 30
10 – Pastor Maldonado (Venezuela), 25
O resultado da 19ª etapa da GP2 foi este:
1 – Karun Chandhok (Índia), Durango, 18 voltas em 36min19s434, média de 200,041 km/h
2 – Andy Soucek (Espanha), DPR, a 1s531
3 – Lucas di Grassi (Brasil), ART GP, a 2s682
4 – Ho-Pin Tung (China), BCN Competición, a 2s975
5 – Mike Conway (Inglaterra), SuperNova, a 3s728
6 – Adam Carroll (Irlanda do Norte), FMS, a 5s636
7 – Luca Filippi (Itália), SuperNova, a 6s707
8 – Bruno Senna (Brasil), Arden International, a 8s837
9 – Kazuki Nakajima (Japão), DAMS, a 9s305
10 – Roldán Rodríguez (Espanha), Minardi Piquet Sports, a 12s919
fotos: Alastair Staley e Charles Coates
Rodolpho Siqueira e Caio Moraes
Press Consultoria Ltda.
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