Assassinato de quatro turistas franceses no dia 24 de dezembro levou a decisão
As vésperas do início do Rally Lisboa-Dakar 2008, a ASO, organizadora do evento, cancelou a realização do maior rali off-road do mundo, frustrando pilotos, navegadores, equipes e fãs. O motivo do cancelamento do que seria a 30ª edição do Dakar foi a falta de segurança na Mauritânia, país que receberia oito das 15 etapas da prova. A competição teria início neste sábado (05/01) em Lisboa, Portugal e iria até o dia 20 de janeiro, com a chegada em Dakar, Senegal. A prova deste ano teria a participação de 245 motos, 20 quadriciclos, 205 carros, 100 caminhões num total de cerca de 570 equipes.
No dia 24 de dezembro, quatro turistas franceses foram mortos por três pessoas armadas com metralhadoras na cidade de Nouakchott, causando grande comoção na França. A partir daí, foi questionada a segurança da prova e até uma alteração do roteiro a ser seguido pelos competidores chegou a ser cogitada.
O governo da Mauritânia garantiu a segurança do rali com o envio de 3.000 agentes de segurança para acompanhar a passagem de toda a caravana da prova pelo país. Mas na última semana, a França alertou os seus cidadãos para não viajarem a Mauritânia devido ao risco de terrorismo, além de avisar a ASO sobre a possibilidade de atentados aos membros da competição graças as ameaças do grupo Al Qaeda, responsabilizada pela morte dos turistas franceses.
Para o piloto brasileiro Paulo Nobre, o Palmeirinha (Itaú Private Bank) o cancelamento da prova frustra o trabalho de um ano inteiro. “Quando me perguntavam se eu tinha medo do terrorismo que sempre cerca o Dakar, eu dizia que não, que isso era até um pouco de folclore da prova, já que em situações perigosas mesmo, a organização cancelava a etapa. Mas cancelar toda a prova era algo que nunca passou pela minha cabeça, ainda mais a um dia do seu início. Isso joga por água abaixo o trabalho de um ano de preparação, não só para mim como competidor, mas também para a organização, veículos de imprensa que acompanhariam a competição, patrocinadores e mesmo as cidades por onde o rali passaria. A “ficha” ainda não caiu”, disse Palmeirinha que competiria com uma BMW X3.
A decepção também se reflete na equipe do brasileiro, a New Dimension X-Raid, que alinharia cinco carros, quatro BMW X3 e uma BMW X5. “A frustração no time também é grande, já que neste ano a chance de vitória era real em virtude de algumas modificações no regulamento, como a redução do câmbio do seis para cinco marchas, além do uso de um restritor de 38mm em vez de 39mm na entrada de ar do motor. A nossa equipe se adaptou melhor a essas alterações e deveríamos andar bem próximos do pessoal da Mitsubishi e a frente da Volkswagen”, explicou Nobre.
O comunicado oficial da ASO informando sobre o cancelamento da edição 2008 também garante a realização da prova no ano que vem, mas ainda não se sabe sobre que circunstâncias depois desses acontecimentos. “O Dakar não vai acabar, isso é certo. Mas é um baque muito grande, já que esse cancelamento abala a segurança e a credibilidade da competição. Nas conversas entre pilotos, muitos buscam alternativas ao continente africano, que vira e mexe apresenta problemas de segurança. Se falou em fazer a competição só na Europa, de utilizar a Ásia e, no meio de tanta especulação, tive uma idéia meio louca. Por que não misturar o Rally do Sertões e o Dakar. Começaríamos a prova em Goiânia, indo até o Piauí. De lá, atravessaríamos de barco para Dakar e depois seguiríamos pela Europa”, contou o brasileiro, que participaria do Rally Lisboa Dakar ao lado do navegador português Filipe Palmeiro.
Com o anúncio do cancelamento da prova, pilotos e equipes agora tentam viabilizar o retorno aos seus países de origem, 15 dias antes do previsto.
Assessoria de Imprensa Palmeirinha Rally
RTF Comunicação
Rodrigo Favoretto
Thalita Nadry
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